O demônio verde: 2

De volta ao tema já iniciado, quero agora apresentar o meu profundo lamento, de forma mais objetiva, já que o post 1 foi apenas para apresentar o tema e levantar a reflexão.

Como eu havia dito anteriormente, o que somos obrigados a fazer desde crianças pela sociedade, é puramente nos cegarmos. Para os que dominam o sistema atual, ter pessoas que façam o verdadeiro trabalho duro e que em troca exijam meros “trocados”, é o plano perfeito. Não acham?
Vou ser um pouco mais direto no que estou tentando dizer. Bastando você abrir seus olhos e sua mente às pessoas ao seu redor, logo você vai encontrar uma situação incompatível com a finalidade de o homem ser uma criatura social. Ora, se você contribui com o “todo”, você obrigatoriamente deveria ter acesso a TUDO que te satisfaz. Quando eu falo em satisfazer, isso é uma expressão ampla, não estou me referindo a jogos, bebidas e mulheres, mas a tudo que você necessita, desde alimentos até o lazer e necessidades básicas. Não é possível durar mais tempo um sistema onde encontramos pessoas que vivem de trabalhar, contribuem para a sociedade e produzem, não terem condições de sustento próprio. Ao mesmo tempo, os “inteligentes” podem brincar de ser investidor em bolsas de valores de casa, com seu notebook, e ter direito a TUDO que o dinheiro pode comprar. Sob QUAL circunstância um sistema desses pode ser duradouro?

Em posts anteriores eu me referi à educação como sendo o único caminho para que conceitos antigos e distorcidos possam ser corrigidos, ou, ao menos, amenizados. E reitero isso: somente com a educação é que vamos ter cada vez mais pessoas questionando o que existe, questionando os “porquê’s” do mundo. O conformismo é a marca de um povo como o brasileiro, onde a palavra “ganhar” é usada levianamente, bastando muito pouco para calar muitos, e ao mesmo tempo todo mundo quer cobrar. Ora, se você consegue ver que não há NENHUM motivo para uns ganharem tanto fazendo tão pouco, enquanto outros por mais que trabalhem nunca conseguirem ter o suficiente, então você tem direito de cobrar, mas tenha cuidado com a demagogia. Recentemente, foi noticiado o caso do ex-jogador Romário jogando futevôlei na praia no horário em que deveria estar em Brasília (aos que não sabem, ele foi eleito deputado federal no Rio de Janeiro). Ora, que palhaçada é essa? Deixem ele brincar, poxa! Afinal, o que os verdadeiros palhaços esperavam ao colocá-lo como seu representante? Pois eu parabenizo é você, Romário, por estar aproveitando a bezerra dourada que te deram de presente.

Há alguns minutos, li uma matéria onde se falava sobre uma família humilde que possui uma criança doente. O detalhe: essa criança só respira por aparelho, e o aparelho precisa ficar ligado na tomada 24h por dia. Como a conta, obviamente, vem sempre bem alta, a família já não pode arcar. Hoje receberam aviso de corte do serviço de energia, e a secretaria de Saúde diz não poder arcar. Deixando a parte administrativa/legal de lado, vamos aplicar esse caso ao tema desse post. O pai da criança trabalha 15 horas por dia, como vendedor ambulante. O máximo que consegue é comprar a comida necessária para a família SOBREviver. E no fim? Bom, a menos que algo ou alguém faça alguma coisa, o filho desse homem que é TRABALHADOR vai morrer, simples assim. Vai morrer porque ele trabalhar todas as horas que seu corpo permite não é o suficiente para o sistema atual. Tudo isso porque o serviço que ele presta, não possui o mesmo valor que o de um VAGABUNDO que passa o dia inteiro deitado em uma rede controlando o mercado de ações e/ou brincando de tomar café e criar esquemas criminosos na capital federal. Eu pergunto: ta tudo bem assim? Que porcaria de honra por trabalhar é essa que IMPLANTAM nas mentes das crianças desde que põem os pés na escola?

Eu vejo toda essa situação como uma bolha, que está inflando há séculos, milênios. Uma coisa é certa: dentro dessa bolha só há podridão, e ela vai estourar. E ninguém vai sair ileso.