domingo, 24 de julho de 2011

Terror nosso de cada dia






Após alguns acontecimentos das últimas semanas, não pude deixar de escrever a respeito de um dos maiores problemas que rondam o povo brasileiro na atualidade: a insegurança. Precisamos falar seriamente sobre isso.

É uma pergunta extremamente inútil aquela que sempre nos fazem nos telejornais: “quem nunca teve ou conhece alguém que teve uma situação de violência na vida?”. Já perdeu a graça, e também o sentido, perguntar isso para o brasileiro. A situação é séria, muito mais do que as notícias e as estatísticas podem dizer ou aparentar. Chegamos a um ponto crítico onde a liberdade, a própria qualidade de vida está comprometida. Sair de cada já é um desafio. Não existem lugares seguros, não existem pessoas intocáveis. Seja você um reles estudante que anda de ônibus todos os dias e está pagando uma das 241 prestações de um celular “mais ou menos”, ou um juiz que dispõe de recursos financeiros e humanos para ter toda a segurança possível. Acabou a ilusão, estamos todos no mesmo barco....e ele está afundando, bem rápido.
Felizmente, ou não, a situação é generalizada em todo o país. Fomos abandonados por tantos e tantos anos de investimentos em segurança, que vivemos em um país dentro de outro. Aqui não estamos presos a nenhum grupo midiático, podemos abrir o jogo. Afinal, quem manda no Brasil? Porque o próprio, isso certamente não é. É vergonhoso ver o nosso país adquirindo importância política e econômica internacional, quando internamente sequer consegue “domar” aqueles que desrespeitam a lei, o povo, o país. Aproveitando a deixa, vamos parar com essa hipocrisia mal feita e mal interpretada de patriotismo, orgulho de ser brasileiro. Eu mesmo me incluo nesse grupo, mas estou me libertando dessa coleira pseudo-intelectual e abrindo bem os olhos para nossa situação como nação.
Não estou aqui para convocar vocês a levantarem armas e tomarmos conta do país, de forma alguma. E sabem por quê? A conseqüência seria termos um país ainda pior. O erro é muito mais profundo e complexo do que as aparências nos mostram. Eu sei como é prazeroso colocar toda a culpa na conta dos políticos, especialmente os de Brasília. No entanto, eles têm apenas uma parcela da responsabilidade. De volta ao assunto da segurança, ou insegurança para ser mais correto, é simplesmente vergonhoso a situação que ainda vivemos em nossas cidades. É impressionante a diferença de “Brasil’s que conhecemos: aquele que vemos nos jornais todos os dias, aquele que conhecemos da nossa vida cotidiana, aquele da época de eleição, aquele que a comunidade internacional acredita ser o nosso país, aquele que os gringos sentem quando ouvem falar daqui, aquele que os gringos conhecem quando resolvem nos visitar....etc,etc,etc. Afinal, que Brasil é real, verdadeiro?
O Brasil que eu, particularmente, conheço, é um que tem melhorado nos últimos anos, mas não tanto quanto as propagandas televisivas do Governo querem mostrar. Eu vivo em um país onde todos os dias tenho medo, onde leis não são cumpridas por todos, onde leis são feitas sem consulta ao povo, onde corrupção é perdoável, afiançável e comum. Eu vivo em um país onde utilizar transporte público é uma aventura, onde andar sozinho nas ruas é para corajosos, onde ter um bom carro significa ser vítima potencial. Eu vivo em um país onde os que mais trabalham são os que mais sofrem. Recentemente, tem crescido demais o número de arrombamentos de casas, apartamentos. Ou seja, aquele velho e melancólico conselho de “deixar de sair de casa para fugir da violência” já foi superado. Não existe um lugar seguro, um refúgio. O país em que EU vivo, é esse. Todos os dias ir dormir pensando se vou acordar com minha casa intacta; se vou à faculdade e voltarei ileso; ouvir uma sirene de polícia e não saber se uma bala perdida não me atingirá, ou a alguém conhecido. E depois de tudo isso chegar, assistir ao jornal e ver a divulgação de que estamos quase chegando ao patamar de país desenvolvido? O que nos resta, afinal? Acho que apenas perguntar o que significa, afinal, ser desenvolvido.
E você? Afinal, em que país você vive? Uma coisa eu posso afirmar, com plena convicção. Mais cedo ou mais tarde, as pessoas “comuns”, como eu e você, vamos cansar, se nada for feito. Por enquanto, nós já vivemos em uma guerra civil, apenas não declarada. Não falta muito para que desapareça a mera formalidade. Esse é o país onde EU vivo. 

2 comentários:

  1. No país em que eu vivo há muita insegurança a ponto de ter pessoas que colocam paus debaixo da cama pra assustar um ladrão caso invadam a casa a noite, junto com um sistema de segurança altamente ultrapassado, mas muito eficiente para quem não pode comprar as novas tecnologias lançadas.
    Nele também há uma polícia que causa medo e mais insegurança do q a já existente, uma vez que além de não trabalhar - claro, com exceções - ainda ajudam corruptos a roubar e perseguir inocentes que entram em seus caminhos.
    Nele há também um povo que sofre mas que nunca perde as esperanças de ver seu Brasil melhor e que sente orgulho das pequenas conquistas de seu país,mas sempre olhando para o chão, e torcendo que as coisas melhorem e que possam um dia realmente dizer que sempre acreditaram e que agora sim, está vivendo no Brasil que sempre soube que ele poderia ser.

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