domingo, 4 de setembro de 2011

Por debaixo do véu da hipocrisia - parte final




Apesar de consciente de que hipocrisia não se extingue, apenas se ameniza, venho com este encerrar o tema já iniciado, abordando alguns pontos que não o fiz nos dois anteriores por mera questão de espaço, evitando tornar os posts maiores do que já são.

Quando você conhece alguém, o que faz essa pessoa ganhar o bilhete premiado e a permissão de adentrar na sua vida, te conhecer mais e melhor e, assim, poder alcançar o posto de “amigo”? Não estou aqui para falar pelos outros, mas no meu caso, pessoas inteligentes, intrigantes, divertidas, de valores, cultura, caráter. Todos os meus amigos possuem essas características. O motivo de ter levantado essa questão é para mostrar o quando é indiferente, na prática, a orientação sexual que as pessoas tomam. E respondendo alguns questionamentos, venho com esse exemplo acima afirmar que vou ser extremamente cuidadoso na criação de meu futuro filho (a).

Cuidadoso porque é preciso ter a sensibilidade necessária para instruir uma criança com relação às diferenças visuais que ela pode encontrar, mas não posso, nem vou, nem vou aceitar que o façam com um filho meu, orientar e direcionar o seu pensamento de forma que se excluam os pensamentos outros, principalmente os que forem diferentes e controvertidos. Dito isso, estou afirmando, por exemplo, que não terei nenhum problema em ter o padrinho ou madrinha de meu filho sendo um homossexual. Recentemente participei de um debate a respeito deste assunto e tocamos neste exato ponto: até que ponto você cumpre na prática aquilo que prega. E este é meu entendimento. Sei que vou enfrentar resistências, inclusive dentro de minha própria família quanto a isso, mas não será por ação ou omissão minha que minha criança carregará a semente do preconceito, discriminação e intolerância para o mundo.

Mudando um pouco o assunto, quero comentar também algo que me incomoda bastante em alguns discursos. Ao falarmos em casamento homo afetivo, jazidas inteiras são atiradas naquele que inicia a conversa. Mas eu sempre me questiono até que ponto vocês, devotos comprometidos com seuas respectivas igrejas, tem um bom argumento para condenar da forma como o fazem. Ao que me recordo, toda e qualquer corrente religiosa busca que seus seguidores pratiquem o bem e alcancem a felicidade. Estou errado? Sendo assim, não consigo aceitar que alguém seja simplesmente “desqualificado” de uma determinada religião apenas por ser gay! Ora, ele pode ser a melhor pessoa do mundo, mas se for gay, perde o direito de ser abrangido pela proteção de seu Deus? Não sejam hipócritas e, principalmente, tão pré-potentes. Inúmeras vezes levantei esta discussão aqui, em minha casa, e nunca consegui uma resposta coerente. Basicamente, a resposta é sempre um vazio “porque é assim e ponto final”. Assim sendo, eu recomendo àqueles que se encontrem nesta situação de excluídos, fundem sua própria Igreja, ora. Li recentemente alguns artigos acerca de um grupo religioso formado por grupos representantes dos homossexuais, onde podiam todos celebrar suas crenças sem julgamentos.

Que coisa patética, se apoderar de algo subjetivo e puramente pessoal como a fé e a crença, e simplesmente apontar os aptos a serem abraçados por aquele determinado Deus. Não estamos falando de um banco com dinheiro limitado, estamos falando de algo imaterial e, obviamente, infindável. Onde fica, nessas horas, esse papo chatissimo de que somos todos “irmãos”? Só queria mesmo alertar quanto à esse tipo especifico de pura hipocrisia.

Um bom inicio de semana a todos e até o próximo post. Abraços

Um comentário:

  1. Adorei essa série de postagens sobre o tema.
    Tenho a impressão que usar das crenças para condenar algo é a forma mais simples das pessoas maquiarem suas intolerâncias.Sabe, eu sempre tive uma dúvida: considerando que é pecado ser homossexual,também não é pecado descriminar, difamar, condenar, matar (como acontece em alguns casos)? Porque não deixar o outro pecar, uma vez que ele não fará mal a você e é ele quem vai pro inferno, enquanto você ficará feliz no céu (estando ciente de que pessoas religiosas tendem a tentar evangelizar as pessoas consideradas pecadoras, considero que esta pessoa religiosa saiba de como ele é, e que não pretende mudar)? Se você o discriminar - pra não falar algo pior, como infelizmente algumas vezes acontece - não irá também para o inferno? Se é Deus quem deve julgar as pessoas, porque então julgam tanto os homossexuais? Se ser gay é um pecado, por que julgá-lo por ser pecador se certamente ao seu redor, do seu meio social, tem pessoas que pecam, se você próprio peca?
    Ah, Heluan, acho que você escreve muito bem. Parabéns!!!

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