quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por debaixo do véu da hipocrisia - parte 2


Pois bem, prosseguindo. A mensagem que tentei transmitir no post anterior, e insistirei neste, não chega nem perto de ser uma defesa ao homossexualismo em si, como fato. Não quero contestar se você concorda ou discorda, até porque as conseqüências vão muito mais além.


Em posts passados, especialmente o que apresentei algumas entrevistas sobre este tema, algumas pessoas deram suas opiniões, algumas bem interessantes, outras bem absurdas, mas cada tem a sua, temos que respeitar. Chamo atenção para um certo comentário que comparava o homossexual ao pedófilo: caro amigo que proferiu tal exemplo, peço que abra um pouco mais a sua cabeça para certos conceitos e valores, pois é injustificável você comparar um criminoso que, por doença ou doença, pratica atos contra alguém inocente, sem conhecimento, experiência, maturidade sexual e conhecimento acerca do que está acontecendo, com alguém que, por escolha ou não, tem sua vida trilhada com alguém de mesmo gênero. Ora, mesmo com todas as críticas, que tipo de dano alheio o homossexual causa por sua natureza e/ou escolha de vida? Não dá para compararmos, sob nenhuma hipótese, esses dois exemplos.

Você, leitor, que tem a sua fé, sua crença e não consegue aceitar como válido nenhum de meus argumentos, tudo bem, não estou aqui para converter nenhum dos senhores a levantar a bandeira colorida. Porém, não abro mão, de forma alguma, de que todos nós, apesar de todas as diferenças de opinião, possamos abrandar um pouco o discurso de “caça às bruxas”, a vontade incontrolável de separar o mundo em dois grupos: “gays VS héteros”. Chega a ser engraçado a reação de uma pessoa homofóbica, racista e/ou preconceituosa quando é chamada de homofóbica, racista e/ou preconceituosa. As pessoas têm um medo inexplicável de assumir as conseqüências causadas por suas opiniões, ideologias e posicionamentos. Ponha na cabeça que tudo aquilo que você faz ou dia, produz conseqüências para você e todos aqueles ao seu redor. Sejam conseqüências boas, ou ruins.

Alguns dos temas levantados nas citadas entrevistas, vou apresentar qual meu posicionamento a respeito, pois não é justo perguntar e expor as respostas de vocês, e omitir o que penso a respeito, certo? Quando ao casamento civil entre pessoas de mesmo sexo, sigo o recente posicionamento do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou o reconhecimento de uniões estáveis entre pessoas de mesmo sexo, o que possibilita a conversão em casamento civil. Não faz o menor sentido nós termos, em pleno ano de 2011, uma legislação que faça distinções entre relacionamentos, impondo conceitos que pertencem à Igreja, ainda mais em um país que é laico, ou seja, o Estado e a Igreja não se confundem. Em outras palavras, o Estado brasileiro, por ser laico, não pode utilizar as regras da Igreja sem que haja algum fundamento mais concreto. E não há. Da mesma forma me posiciono quanto à adoção de crianças por casais, ou pais solteiros, que sejam homossexuais. Falarei sobre isso com mais detalhes a seguir.

Quando as pessoas declaram ser contrárias à adoção por casais homossexuais, qual é o principal argumento que utilizam? Na esmagadora maioria das vezes é “a criança vai ser influenciada a seguir o mesmo caminho que os pais”. Esse é um tema complicado, complexo e muito polêmico. É muito difícil você separar os (pré) conceitos ligados à religião e os conceitos ligados à razão. No entanto, temos que pensar um pouco mais no bem estar das crianças interessadas, nas órfãs, e deixar um pouco de lado o NOSSO desconforto em ver um casal mal visto adquirindo direitos iguais aos nossos. É isso o que, na maioria dos casos, acontece. Esse argumento de influenciar a criança não passa de uma distração, uma forma de enganar a si mesmo e não se sentir preconceituoso. Mas até que ponto um casal homossexual pode, de fato, influenciar na criação de um filho? Em minha opinião, isso vai depender da sua resposta à seguinte pergunta: para você, ser homossexual é uma escolha? Ou é da natureza da pessoa em questão? Acredito que a sua resposta quanto a isto, é determinante para o seu posicionamento quanto à adoção. Pode parecer confuso, mas vou explicar.

Se você acredita que alguém é ou se torna gay por escolha, por livre vontade, então faz sentido você ser contrário à adoção baseado no argumento de “influência à criança”. Pois se, com esse pensamento, o casal homossexual adotante tentar passar a idéia de que ser gay é “melhor do que ser hétero”, a criança, por influência, vai ter seus valores e conceitos acerca da família moldados pelos pais. Faz sentido. Porém, se você, assim como eu, não acredita que o homossexualismo é uma escolha, então tudo isso que falei acima está descartado. Pouco importa, com base nesse pensamento, se os pais são hétero ou homossexuais, tudo vai depender da natureza da própria criança, que vai sofrer influências, claro, tanto de casa quanto do mundo lá fora, mas quem ela é, quem ela vai ser, não está condicionado ao que ela vê. E vou mais além, esse argumento de influência à criança é extremamente fútil, pois estão levando em consideração de forma exagerada o caráter sexual de uma relação, como se apenas isso fosse captado pelos filhos, pelas crianças. Eu ouso afirmar que é contraditório dizer que por influência, o filho criado por um casal gay vai ser gay. Se assim fosse, não existiriam casais hétero com filhos gays, existiriam? Ou a regra só vale para um lado? As crianças que criamos não são bonecos vazios que refletem unicamente aquilo que lhe dizem, ou aquilo que vêem. Assim como os casais homossexuais, que conquistam o direito de criar um filho, certamente não desejariam que seus filhos optassem por ser gays. Sabe por quê? Nenhum pai que ame seu filho vai desejar que, por opção, ele escolha pertencer ao grupo mais apedrejado da sociedade. É por isso que não acredito nesse papo de “um casal gay vai querer que seu filho também seja gay”.

Quanto aos atos públicos de demonstração de carinho e afeto, também há certa hipocrisia enrustida. Por que é tão condenado os “amassos” entre gays nos bancos de praças, e é tão ignorado os verdadeiros atos sexuais nas portas de escolas e igrejas entre casais héteros? Não se trata da opção (que não é bem uma opção) sexual dos sujeitos, mas da atitude que praticam em público. É tão errado e condenável um quanto o outro, ora! Não é por ser gay ou hétero, mas por ser vulgar e fútil que condeno a maioria das demonstrações que presenciamos cotidianamente. Quer coisa mais constrangedora do que sentar ao lado de um casal que não para de se beijar e contorcer, em pleno banco de ônibus? Sala de cinema? Fila de supermercado? A verdade é que vivemos uma época de crise de identidade moral em nossa sociedade, onde a modernidade vem destruindo as barreiras de comportamentos e escancarando a omissão de todos nós quanto a tudo isso. 

Pra finalizar, quero convidar todos vocês, especialmente os mais contrários ao que foi dito, a simplesmente pensar e visualizar como seria sua reação caso o seu filho/filha revelasse que é gay. Pense seriamente sobre isso, porque na maioria das vezes, isso acontece, mas não chega ao conhecimento dos pais por puro medo da reação alheia. Grande abraço e até o próximo.



3 comentários:

  1. Gostei de ler este post, estava esperando pela continuação.
    Bem, quando eu era mais nova (uns 11, 12 anos) eu li em uma revista que homens gays tinham o cérebro como o de uma mulher. Nessa época não se falava tanto no assunto e eu acabei pensando: faz sentido, algum problema genético, e ficava com pena deles pelo modo que as pessoas os tratam. Acho que por isso eu nunca tive nada contra eles, não ficava "atirando pedras".
    Hoje, já com meus 16 anos, continuo não tenho nada contra eles, não acho mais que é algum distúrbio genético. Acho que cada um tem seu gosto, assim como tem gente que gosta de gente inteligente ou nem tanto, magra(o) ou mais cheinha(o) - só pra exemplificar, não querendo classificar ninguém - há quem goste de pessoas do mesmo sexo. Dizem que ninguém se apaixona (ou amam, se preferirem) por quem quer, então isso também serve pra eles. Não acho que são assim porque querem, afinal, quem vai querer ser tratado como lixo, um problema da sociedade?
    Quanto ao caso da adoção, penso que não há essa de influenciar. Filhos não seguem a mesma carreira que seus pais, não gostam das mesmas músicas, dos mesmos filmes, então não vejo porque olhar por esse ângulo.
    Você disse que “casais homossexuais, que conquistam o direito de criar um filho, certamente não desejariam que seus filhos optassem por ser gays” por causa dos preconceitos, mas acho que eles próprios não desejariam o ser devido o preconceito e à vergonha de ir contra as regras da sociedade, mas todos nós corremos atrás da felicidade. As pessoas tem a necessidade de estar perto das pessoas que gostam, do contrário acho que elas ficariam escondidas dentro de suas casas presas e com medo de que percebessem ou desconfiassem de algo.
    Todos devem ser felizes e mesmo se isso fosse um defeito não creio que mereceriam ser tratadas como são, as pessoas tem seus defeitos e suas qualidades e são essas que devem ser exaltadas, a opção sexual de uma pessoa não muda o ser que ela é e não atrapalha ninguém. Só pra constar, não sou lésbica e não há ninguém em minha família que seja gay pra eu estar aqui “defendendo”.

    * Não entendi a imagem, o que ela representa?

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  2. Sou homossexual, tenho 27 anos e vivo com uma mulher a 4 anos e em breve seremos mamães( ah e não tenho nenhum "desvio" de conduta ou transtorno psicológico ou estou "endemoniada"). Espantoso não??? Não é fácil conviver numa sociedade cheias de contradições ideológicas, espantoso como enquanto ainda se discute sobre união entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, em países desenvolvidos pessoas casadas entre o mesmo sexo já estão dando entrada em divorcio e partilha de bens. rs... Mas chega até a ser cômico a sociedade se embaraçar em seus próprios conceitos e conceituar de forma tão dura o homossexualismo. Tenho um estilo de vida reservado e conheço pessoas interessantíssimas neste meio e não trocaria o modo que tenho de vida por nenhum outro, pois sou extremamente feliz por ter a sorte de amar minha companheira e ser muito bem correspondida.
    Enfim espero que algum dia pessoas como VocÊ, ,criador do post, se multipliquem pela terra. rs...
    O post está muito bom meus sinceros parabéns.!!!

    M. Bezerra.

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  3. Muito obrigado por mais uma participação, Khuhz. Quanto a imagem, ela possuia dentro do logo da Globo as cores que representam o movimento LGBT, mas após seu comentario eu vi que não tinha muito a ver e ainda podia gerar uma interpretação errada. Essa imagem de agora é melhor, certo? E quanto ao comentario, em si, fico bastante satisfeito em "descobrir", mesmo que através de um blog, as pessoas que compartilham de certas opiniões, conceitos e valores. Ainda assim, quero lembrar que este espaço ta aberto para todas as opinioes, inclusive as mais divergentes. Obrigado a todos e grande abraço!

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