segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Escolhendo por exclusão: amizades







Já diz o ditado: “diga-me com quem tu andas e te direi quem és”. Esta é uma bela frase e reflete corretamente a realidade daquilo não perceptível sobre nós mesmos, mas que fica claro e evidente a todos aqueles ao nosso redor, como uma assinatura, uma característica que emana de nossos gostos, escolhas e comportamentos.

O primeiro grupo que considero, dentre os três existentes, é o das amizades. Muito mais que dizer a nosso respeito, a escolha de nossas amizades, seja em qual estágio de nossa vida for, deve respeitar o conjunto de circunstâncias relativas a cada momento e necessidades de nossas vidas. O ser humano é, comprovadamente, um ser social, alguém incapaz de sobreviver, de forma saudável, sozinho. Dito isto, fica claro e evidente que estarmos rodeados por pessoas de afinidade compatível está fora de nosso campo de escolha, mas aqueles que ao nosso redor irão permanecer, isso sim, é e precisa ser fruto de nossa livre e consciente escolha.
A importância disso é que insistir em algo ou alguém errado, nada mais significa que não a abertura para um prejuízo nos demais âmbitos que compõem a nossa vida: demais amizades, colegas, meio profissional, meio amoroso, meio familiar, etc. É certo que se criou um costume, de certa forma equivocado, onde amizade teve seu conceito e sua função distorcidos, fazendo com que os benefícios de uma boa amizade se transformassem em um fardo, uma culpa exagerada pela simples decisão de repensar quem queremos ter por perto. É preciso retomar a consciência de que nós temos o direito e a obrigação de escolher quem queremos ter por perto, sob pena de trazermos conseqüências a todos que nos rodeiam.
Mas afinal, o que deve ser utilizado como parâmetro, critério para que nossas escolhas sejam “corretas”? Não é algo fácil, obviamente, pois caso o fosse não teríamos tantas pessoas que perdem seus traços característicos, bons ou ruins, por influência das pessoas com as quais convive. É certo que conhecer e encontrar pessoas com gostos parecidos traz uma sensação de segurança, e geralmente esta é a porta de entrada. Seja qual for a situação, sempre estaremos conhecendo novas pessoas, novos grupos, e alguns, inevitavelmente, serão estranhamente compatíveis com nossos gostos, estilos de vida, grupos sociais, etc. O problema surge justamente após esse primeiro momento, onde deveria ser feito um filtro, uma seleção mais apurada acerca daquele que estamos prestes a inserir em nossa vida, levando em consideração tudo e todos que compõem o nosso meio, haja visto que nenhuma conseqüência se limitará à nossa esfera pessoal de acontecimentos.
A escolha citada acima pode ser considerada como “prévia”, ou seja, aquela que realizamos antes de a pessoa em questão adentrar nosso meio, nossa vida. Ouso dizer que é a forma mais fácil de separar o joio do trigo. No entanto, também existe o método a ser adotado quando as nossas já existentes amizades se modificam com o passar do tempo, tornando-se pessoas nocivas a todos os nossos objetivos e planos, amigos que, infelizmente, não nos tem nada mais a oferecer, exceto maus hábitos, conceitos, comportamentos e problemas, com as mais variadas conseqüências.
Neste ponto, é preciso esclarecer que não estou aqui instigando que excluamos de nossa vida os amigos que passarem por problemas e dificuldades, pois isso seria uma covardia de nossa parte, abandonar o barco no primeiro furo. O que estou propondo é relativo àquelas pessoas que, indubitavelmente, se transformaram em casos perdidos, que modificaram a sua essência, deixando de ser aquela pessoa que, em outro momento, foi digna de nos conquistar com amizade e respeito. E neste momento, a verdadeira provação cairá à sua frente: manter uma amizade que desestabilize toda a sua vida, prejudique seu casamento, ofereça riscos a seus filhos, macule sua reputação e de sua família, ou cortar da própria carne e banir tal pessoa de sua vida? O mais triste é que todos nós, cedo ou tarde, teremos de enfrentar uma situação semelhante, e nesta hora, é bom que você, leitor, saiba a melhor forma de reagir, pois a vida em grupo, em sociedade, faz com que nunca nossas escolhas reflitam única e exclusivamente em nós mesmos, devendo sempre levarmos em consideração os reflexos de uma má escolha, má decisão.
Seja como for, os bons e verdadeiros amigos são aqueles que te complementam, que somam em sua vida. A partir do momento que, repetida e irreversivelmente, isso muda, e passam a oferecer risco a tudo que você construiu ou está a construir, talvez seja o momento em que você deve repensar a viabilidade de manutenção de pessoas danosas, nocivas e tomar decisões que, embora questionáveis, muitas vezes são necessárias. A coragem verdadeira é aquela exercida diante de confrontação, não aquela óbvia e de acordo com o determinado por outros.

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