Violência contra os animais

Quando estamos nos primeiros anos de escola, sempre ouvimos que “o homem é o único animal que pensa”. Será mesmo? E mesmo que seja verdade, isso é suficiente para fazer de tudo com os demais habitantes da natureza?

Há algum tempo, venho refletindo sobre a violência crescente contra os animais. Culturalmente, temos a tradição de criar um ou outro animal de estimação, domesticá-lo. Desde que não se trate de animal silvestre ou qualquer outro proibido pela legislação ambiental, não vejo muitos problemas nessa prática. No entanto, é importante lembrar que todo e qualquer animal sob nossos cuidados, estão, de FATO, sob os nossos cuidados, nossa guarda. E isso não te dá o direito de fazer dele o que bem entender, pois ele não é um objeto que te pertence. Muito comum é presenciar filhotes de cachorro deixados do lado de fora das casas, na chuva, com fome e sede. Até que ponto você merece ter o direito de criar um animal?

Um dos atos mais covardes do ser humano é maltratar um animal que não possa se defender. Maltratar qualquer animal é covarde, mas fazer tal ato com um ser que não pode reagir, resistir, oferecer qualquer perigo ao agressor, isso faz de você um verdadeiro monstro. O que te diferencia daqueles que agridem crianças e idosos? Pra mim, nada. O princípio é o mesmo. Quando estudamos um pouco do tema, chegamos à conclusão de que ainda não há uma legislação que alcance a violência contra animais que existe mais no seio da sociedade, no núcleo das comunidades, nas casas. Claro, houve um enorme avanço nos últimos anos quanto aos crimes ambientais, mas isso ainda se restringe aos crimes que visam lucro, contrabando, desastres ambientais. A violência doméstica contra animais ainda é uma realidade esquecida pelas leis, mas que só aumenta aos olhos de qualquer um. Apenas a justiça continue cega quanto a isso.

Um outro ponto a ser debatido: as caças. Talvez alguns venham me criticar após o que vou dizer, mas eu sou totalmente contra a caça animal. Inclusive a caça esportiva tradicional, como a pesca. Entendam meu raciocínio: a caça, originalmente, era uma prática de subsistência, em tempos remotos onde você matava para comer. Isso, hoje em dia, é injustificável. Em supermercados, açougues, feiras você encontra de tudo o que é preciso para viver. Qual argumento, então, pode ser usado para que a caça ainda seja permitida? E vou mais além, é uma covardia extrema o uso de armas de fogo para caçar. Isso faz do homem um ser extremamente desprezível dentro da natureza. Existe uma ordem natural que está sendo quebrado, onde uns seres são mais fortes, e ao mesmo tempo mais fracos, que outros. Chama-se ciclo da vida, onde todos estão no papel de caça e caçador de outro ser, da natureza. O homem, então, está burlando todas as leis naturais quando, além daquilo que precisa, caça por mero prazer e esporte. Isso é inadmissível.

Ainda vejo um caminho longo até que possamos vislumbrar alguma esperança. É preciso que os movimentos em defesa dos animais continuem e cresçam, mas tenho uma ressalva. As grandes instituições de direitos dos animais ainda estão muito distantes do foco do problema. É importante resistir aos interesses das grandes corporações, claro que é. Mas não podem cometer o erro grosseiro de fechar os olhos para as comunidades, para o grande núcleo de pessoas. Como eu, você, meros mortais, vamos abraçar causas tão grandiosas e, aparentemente, distantes da nossa realidade? Os direitos ambientais existem em qualquer lugar, sob qualquer bandeira. Enquanto os grandes movimentos mundiais continuarem elitistas como estão, teremos cenas lamentáveis de tortura e negligência em nossa rua, em nosso bairro.

Como diz um grande Professor meu, é preciso que haja um processo de humanização dos animais, ao mesmo tempo em que é preciso haver um processo de animalização dos homens que cometem certos crimes contra os animais. Pensem nisso. Abraços