sábado, 27 de novembro de 2010

Homossexualismo: Parte 3 (O que diz/pensa um homossexual)


    

  Boa noite a todos, esse é o terceiro e penúltimo post relativo ao tema “homossexualidade”. Hoje vou disponibilizar uma entrevista que fiz com um homossexual aqui da Paraíba, que tem uma idade relativamente legal para poder falar sobre todo e qualquer assunto, sem enrolar nem demonstrar dúvidas quanto ao seu modo de vida. Gostaria de pedir que houvesse respeito nos comentários (coisa que até o momento não foi um problema, a discordância é sempre bem vinda), que fiquem à vontade para debater, questionar e até mesmo perguntar, pois farei o possível para responder e vou entrar em contato com “ele” para que se coloque à disposição para eventuais perguntas feitas nos comentários.
     Amanhã, para encerrar, será a minha vez de falar do assunto, respondendo inclusive as perguntas que anteriormente fiz aos “amigos”. Obrigado pelas visitas, pela participação e o apoio dos amigos que me incentivam a continuar a expor meus pensamentos e idéias em um local de fácil acesso como esse blog.
   Até amanhã, fiquem agora com a última das entrevistas.


O QUE PENSA UM HOMOSSEXUAL

Heluan: Olá, obrigado por sua contribuição. Gostaria que começasse se apresentando. Fale um pouco sobre você.  

R= Antes de qualquer coisa, quero levantar a bandeira e dizer: homossexual não é uma opção, até porque se fosse, podem ter certeza, eu escolheria a opção mais fácil, a opção da heterossexualidade.
Tenho 22 anos, sou o mais novo de 5 irmãos, solteiro, moro distante da família desde os 18 anos, faço faculdade na área de exatas e divido AP com outros estudantes.

Heluan: Como foi a sua infância no que diz respeito a relacionamentos? Você desde pequeno sentiu que era “diferente”? Se sim, como foi sua reação naquela época?

 R= Tenho uma base familiar muito boa, apesar de não ter convivido com meu pai, a minha mãe soube me educar e me oferecer junto aos meus irmãos um carinho maternal essencial para meu crescimento, e provar q família sempre será nosso alicerce.
     Desde criança, sempre tive um comportamento diferente dos outros meninos da minha idade, mesmo por ingenuidade, até porque naquela idade não somos responsáveis pelos nossos atos e, tampouco, sabemos o que é certo ou errado, mas lembro-me de que sempre gostei de estar com meninas, de brincar com meninas, acho que com elas eu me achava mais feliz, querendo ou não, no fundo, as brincadeiras de meninos nunca tinham me agradado.
     Com passar do tempo, percebi que aquilo me tornava diferente e, pode ter certeza, quando percebemos essa diferença, se não me falha a memória aos 12 anos, depois de tantas piadinhas no colégio, passamos a abrir os olhos e nos próprio policiar.
     Sempre me achei um garoto estudioso, acho que tentava me esconder por trás dos livros para poder mascarar algo que futuramente eu teria de encará-lo.
Sempre que algum garoto (na maioria das vezes as piadinhas de mau gosto sempre surgiam dele) dizia algo que me afetasse eu me silenciava. Acho que não me sentia forte o suficiente para enfrentá-lo.
     A partir dos 13 anos, aqueles sentimentos obscuros e confusos surgiram e desde então, uma palavra sempre me acompanhava: A CURIOSIDADE, eu me sentia muito diferente de todos, não sentia vontade de assistir a filmes pornôs (algo normal para crianças dessa idade) com outros rapazes por medo de sentirem a minha indiferença para com as mulheres ou até mesmo perceberem meu olhar focado em outros personagens.
     Não tinha um alguém confiável suficiente para contar minhas angústias e medos. E só aos 18 anos beijei pela primeira vez um homem. Vale salientar, que antes dessa idade não aceitava essa minha condição e tentava ficar com meninas, mas não sentia nada e cheguei a ser chamado de fraco por elas.
Foi então que aos 18 anos eu me aceitei por completo e tentei aos poucos tornar a minha condição favorável aos olhos da minha família além de torná-la aceitável e respeitosa por todos.

Heluan: Como homossexual de pensamento formado, como você avalia a situação atual do pensamento social? O que você espera que possa melhorar?

R= Apesar de, todas as pessoas importantes pra mim, saberem da minha condição, sempre tentei evitar me expor diante da sociedade, que infelizmente, apesar de estarmos em pleno século XXI, ainda tem uma posição crítica e mal informada sobre tal assunto.
     O meu objetivo diante dessa entrevista não é, em momento algum, afetar ninguém, nem raça, nem cor e, muito menos, religião. Porém, acho e espero, que respeito se dar a quem se dar o respeito, até porque todos sabem que muitos banalizam e sujam a classe homossexual pelos seus atos, e o RESPEITO é fundamental para uma convivência harmônica e saudável.

Heluan: Qual sua opinião quanto ao casamento civil e religioso (fale de ambos) entre pessoas de mesmo sexo? Como você analisa a realidade atual e a tendência pela liberação legal?

R= Eu, particularmente, não vejo necessidade de um casamento religioso, no meu ponto de vista, casamento é apenas uma cultura cultivada por todos os povos, cada um com seus costumes.
     Para se existir um casamento religioso é necessário que os noivos tenham em mente a palavra e o significado de um casamento diante de Deus, independente de religião.
Com relação ao casamento civil, possa até existir necessidade, mas só pelo fato de todos terem seus direitos, caso o casamento venha a acabar, que como qualquer outro casal “hetero”, isso também pode acontecer.
     A mente do ser humano, me referindo a grande a maioria, ainda está travada para que uma liberação seja feita por completo, mas acho que, mesmo assim, a tendência é melhorar apesar de todos os preconceitos.

Heluan: Qual foi a reação das pessoas próximas a você quando descobriram que você é um homossexual? Amigos, familiares...

 R= Bom, as primeiras perguntas foram: você tem certeza? Isso não pode ser apenas uma fase?
Quando resolvi contar para os mais íntimos, foi porque eu me via uma pessoa com dupla personalidade e apesar do choque para muitos eu não me arrependo.
      Um fato importante que ocorreu, foi uma prima minha muito íntima e que era muito preconceituosa. Eu tinha muito medo da reação dela, mas quando resolvi contar, lembro-me que, até antes da minha mãe saber, decidi falar cara a cara com ela e abrir o jogo. Nunca tinha a visto chorar e naquele dia, diante da minha declaração ela chorava feito criança e ao invés de uma repressão da parte dela, ela chorava, mas um choro que vem acompanhado por todos que revelei...o choro do medo. 
     O medo das conseqüências por eu ser homossexual, ou seja, o medo de toda e qualquer família é saber q seu filho, irmão, primo ou amigo pode está sofrendo preconceitos e sendo ridicularizado pelos maus informados, porque preconceito não é doença, PRECONCEITO  é a ausência do CONHECIMENTO. 

Heluan: Fale sobre o preconceito que você, pessoalmente, enfrenta em seu dia a dia por ser homossexual.

 R= Graças a Deus, nunca sofri nenhum tipo de preconceito, mas já presenciei alguns. Como acabei de falar, eles só surgem de pessoas mal informadas.

 Heluan: Gostaria que falasse um pouco sobre seu posicionamento a respeito da adoção por casais homossexuais.

 R= Se o casal, independente, de ser homossexual ou não, tiver uma vida estável, um casamento estável e uma situação financeira suficientemente bem para adotar, não vejo problemas nisso.
     Para se adotar uma criança, o essencial é ter a preparação psicológica para isso. E porque não um casal “gay” adotar? O amor, o carinho, a confiança e o respeito são fundamentais para a vida de qualquer criança e tudo isso, se encontra, às vezes, até mais em casais “gays” do que em casais “heteros”.

Heluan: Como você reage em meio a uma discussão com pessoas ligadas às religiões que são extremamente contrárias ao homossexualismo? Qual recado você gostaria de dar a essas pessoas?

 R= Opinião cada um tem de ter a sua, preconceito não. Respeito todos tem de ter, indiferença não.
No meu ponto de vista, muitos religiosos julgam a condenação ao homossexual por estar escrito na bíblia, apenas porque lá diz que é condenável e pronto. Algum deles já se perguntou ou questionou: POR QUÊ?
Se a gente fosse condenar tudo que se diz na bíblia todos estarão no inferno.
Eu acho que tudo é questão de entendimento.
O que é condenável não é o homossexual em si e sim alguns atos cometidos por ele ou por qualquer outra pessoa que não seja homossexual.
O sexo antes do casamento é condenável na bíblia. A preguiça é condenável na bíblia. A falsidade é condenável na bíblia.
A nossa condenação não é feita por uma condição, uma raça, uma cor, uma cultura...é feita pelos nossos ATOS, Isso independe se for homossexual ou não.

Heluan: Você acredita em Deus? Qual seu posicionamento quanto à Deus/religião?

R= Sim, com todas as minhas forças. Sou de uma família católica, quando digo católica, digo aqueles que, além de freqüentar a igreja, lêem a bíblia. Mas não me considero católico.
     Acho que, como qualquer outra condição, respeito é fundamental. Não critico nenhum tipo de religião, só não sigo, porque não condiz com alguns dos meus princípios. Logo, eu prefiro CRER no DEUS todo poderoso.

Heluan: Por fim, gostaria que deixasse um recado àqueles que venham a ler esta entrevista.

R= Para todos, espero que em cada um surja uma reflexão a todo assunto abordado e falado aqui. Antes que venham a criticar, qualquer que seja a situação e posição de um determinado indivíduo tente respeitá-lo porque somos todos iguais, o que mudam são nossas opiniões, pontos de vistas, crenças e princípios.
A ACEITAÇÃO... não é obrigatória, mas o RESPEITO é fundamental.


3 comentários:

  1. Mais uma vez, parabenizo pelo post!
    Primeiramente: Heluan, por que você não me convidou para entrevistar??? rsrsrsrsrs
    Agora sério! Assino embaixo de todas as respostas do cara! Muito inteligentes, tudo se trata de respeito!
    Segundo Lugar: Heluan, por que você não me apresentou ao seu amigo ainda??? rsrsrsrs
    Parabéns de verdade pelo blog! To ansioso pela parte 4!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns ao autor por essa pesquisa ri muito com as outras partes tive muitas raivas também, mas amei esta parte parabéns. Agora só não gostei de uma coisa era para ter deixado o numero do rapaz que respondeu essas perguntas se ele tiver solteiro eu me caditado.
    Parabéns! pelo blog

    ResponderExcluir
  3. Uma coisa que achei interessante aqui (apesar que só vim ler agora os posts), porque no post da entrevista com o Homossexual, só duas pessoas, a qual também são, comentaram? Isso quer dizer que nenhuma outra pessoa não leu? Seria isso um preconceito? Bem, não sei dizer, mas que me espantou o fato de aqui só tem dois comentários e nos outros posts terem vários, espantou sim. Interessante o fato de que, num sei se acontece com todos, mas a infância de todos nos é bem parecida né? hehehe Creio que acima de tudo deva haver respeito não importando se você gosta ou não disso ou daquilo...

    ResponderExcluir